O número de crianças com sobrepeso e obesidade no mundo pode chegar a 75 milhões, em 2025, caso não sejam tomadas medidas para mudança de hábito da população. A estimativa é da Organização Mundial da Saúde (OMS), que aponta a obesidade como um dos maiores problemas de saúde pública do mundo, uma epidemia global. Atualmente, estima-se que 41 milhões de crianças menores de cinco anos sejam obesas.
No Brasil, segundo o IBGE, 15% das crianças com idades entre 5 e 9 anos estão obesas e 37% com sobrepeso. Na faixa etária de 10 a 19 anos, 14,2% são obesas e 33,4% tem sobrepeso.
Estilo de vida favorece obesidade infantil
O fácil acesso a tecnologias como computadores, smartphones, tablets, vídeo game e televisão contribuem para a obesidade infantil. O hábito de estar sempre conectado faz com que crianças e adolescentes tenham menos horas de sono por dia, o que contribui para o ganho de peso.
“Hoje em dia as crianças não brincam como antes por conta do acesso a tecnologias quanto pelos índices de violência que influencia nas opções de lazer. Isso colabora para o sedentarismo”, avalia Patrícia Rondello, supervisora de Nutrição da Medicina Preventiva do Grupo NotreDame Intermédica.
Por dia, uma criança precisa dormir pelo menos 10 horas de sono. Incentivar a realização de atividades em parques, condomínios ou clubes contribui para o aumento do gasto calórico e resultam em horas de sono melhores. Por outro lado, o momento da refeição não deve estar atrelado a outras atividades como jogar vídeo game ou assistir programas de televisão.
Como identificar que a criança está obesa
Os pais parecem mesmo ter dificuldade em enxergar que os filhos estão acima do peso. Então, como identificar se o seu filho é só fofinho ou realmente precisa de acompanhamento nutricional?
O “olhômetro”, ou seja, a percepção dos pais ou responsáveis, deve ser o ponto de partida para o diagnóstico de uma obesidade infantil. Eles podem começar avaliando se a silhueta e porte físico da criança se diferencia das outras de mesma idade e se fica mais ofegante durante as brincadeiras. Observar também a relação da criança com a comida, por exemplo, se continua comendo mesmo já saciada ou se faz do alimento uma distração, como quando não tem nada para fazer.
Além dos hábitos, a herança genética da criança também influencia na obesidade. “Quando a obesidade tem características genéticas, a criança precisa de um acompanhamento médico com endocrinologista e pediatra, pois não será apenas uma questão de maus hábitos alimentares”, pondera Patrícia.
Nestes casos, alerta a nutricionista, os pais devem ter atenção e cuidados para entender o corpo da criança e evitar comparação com crianças magrinhas para não gerar um trauma psicológico.
Como calcular o IMC da criança
A ferramenta mais indicada para avaliação da obesidade infantil é o IMC (Índice de Massa Corporal), que indica a relação entre peso e altura. A classificação infantil, porém, é diferente da adulta. Além de calcular altura e peso, também leva em consideração a curva de crescimento e varia se o paciente é menino ou menina. O site da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica disponibiliza uma ferramenta para esse cálculo.
Cuidados devem começar na gestação e continuar em casa
Segundo a nutricionista Patrícia Rondello, os cuidados com a alimentação da mãe durante a gestação influenciam diretamente nas chances de a criança desenvolver obesidade infantil.
Após o nascimento, os pais e responsáveis devem continuar com a atenção à alimentação do bebê, durante a amamentação e introdução alimentar e continua durante a infância e adolescência.
Uma dica importante da nutricionista para os pais é inserir alimentos mais saudáveis na rotina da criança sem que ela perceba que há itens proibidos, pois estes podem se tornar mais interessantes. “Fazer a mudança aos poucos, nunca bruscamente. Aos poucos, reduzir o sal e nem oferecer ou associar doces ou fast-food como a premiações por boas notas ou outros comportamentos”, ensina Patrícia.
Mas, por que crianças que tiveram introdução alimentar com frutas e verduras e outros alimentos saudáveis perdem o interesse e passam a não gostar desses itens? Patrícia informa que essa situação é muito comum em lares em que os pais não seguem uma alimentação saudável, mas incentivam que o filho siga. O natural é que ele seja influenciado pelos hábitos dos pais. “Não dá para os pais comerem pizza e fast-food e quererem que o filho consuma legumes porque ele não vai entender. Essa é uma cena muito comum em praças de alimentação de shopping”, alerta a nutricionista do Grupo NotreDame Intermédica.
Alimentos que devem ser evitados
Entre os alimentos que devem ser evitados estão fast foods, que concentram grande qualidade de gordura trans e sódio, industrializados como biscoitos recheados, suco de caixa, carnes compactadas e refrigerantes.
Alimentos que os pais devem incentivar o consumo
Entre os alimentos que devem ser incentivados pelos pais estão leite integral e derivados, arroz, feijão, frutas, verduras, legumes, carne, frango, ovos e peixe. Para tornar as refeições mais prazerosas, a dica da nutricionista é que os pais caprichem na apresentação dos alimentos. “Por exemplo, cortar bem folhas de alface e os legumes para que sejam mais fáceis de mastigar, senão a criança fica com preguiça”, ensina Patrícia
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